Viva, estou de volta.
Há dias em que não se pode sair de casa.Mas outros há em que a sorte nos
bafeja.Ontem resolvi passar por um alfarrobista do Porto, que visito
regularmente à procura de livros sobre a 1 ª Grande Guerra, tema que
me fascina, em especial pelo facto de o meu avô paterno, a exemplo dos avós
de José Rodrigues dos Santos ( vidé o livro " A Filha do Capitão " ) ter
estado envolvido na Batalha de La Lys, em 9 de Abril de 1918 , e cujos
passos procuro descobrir juntamente com um primo que vive em França e que
não tem deixado que a memória desses portugueses se desvaneça com o
tempo.Bem hajas Afonso!
Num blogue de um lisboeta, neto de um oficial médico, que o meu primo me
referenciou, vim a descobrir fotos muito antigas, de 1914, do Faial e do
meu " Pico".
Nesse alfarrobista procurei escritos antigos sobre os Açores, em
especial sobre o Pico. E os deuses estavam comigo!Farta documentação
encontrei ( e comprei!), e que comecei hoje a ler.Desde revistas da
Ilustração Portuguesa a publicações de autores vários, muito tenho que
saborear!Destaco uma colecção de 3 volumes da " História das Quatro Ilhas
Que Formam o Distrito da Horta ", de António Lourenço da Silveira Macedo,
reimpressão Fac-similada da edição de 1871, publicada pela Secretaria
Regional da Educação e Cultura em 1981, com carimbos de um organismo
público da Terceira.Como vieram parar a um alfarrobista do Porto?!
Mas o que prendeu para já a minha atenção foi um artigo publicado na
revista GIL Vicente, nº 7,8,9 e 10, de 1939, da autoria de Agnelo
Casimiro.Relativamente ao Pico e com a devida vénia, passo a citar:
" Pico, antiga ilha de S. Deniz,é a mais próxima do Faial.Quando navegamos
no mar do grupo central dos Açores, é a ilha do Pico que avulta aos nossos
olhos, quer pela grandiosidade da sua extensão, quer pela majestade da sua
altura.Em extensão é a segunda do Arquipélago.Em altura, o Pico, que dá o
nome à ilha, atinge mais de 2 000 metros, sendo assim o cume mais elevado
de Portugal inteiro.
Tem pois um aspecto imponente e austero.Vista do mar a ilha do Pico
apresenta alguns pedaços de terreno cultivado e verdejante;Mas na sua maior
parte dá-nos a impressão duma ilha pedregosa, rude,onde a vinha rebenta por
entre as pedras.
Se o Faial dá o pão,o Pico dá o vinho.E acode-me à lembrança o simbolismo
litúrgico com que o Dr. Joaquim Manso o descreveu por estas palavras
textuais:
«Produz a abundância capitosa do vinho, ao passo que as outras produzem o
trigo.Este para a hóstia, aquele para o cálice, ambos para a missa da mesma
fé antiga dos mareantes do século XV.»"
Por hoje fico por aqui.Voltarei com com a continuação da narrativa, em
especial com a subida ao "Pico Grande" e ao "Pico Pequeno", que o autor
efectuou em Julho de 1907, quando tinha 27 anos.
Boa Noite
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